segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O salto-alto e o carpete de madeira

No começo nos amávamos
Como dois adolescentes
Nos casamos em março,
Driblamos o tédio,
Aprendemos a ser,
Pacientes e tolerantes,
Às vezes eu cozinhava pra ela
Comprava-lhe flores.
Nas outras vezes ela me levava ao teatro,
Vivíamos em harmonia,
Numa relativa paz conjugal,
Eis que um dia tudo muda,
Por pouco ou por muito
O amor acaba,
E a felicidade de outrora agora é tristeza,
E ela não volta mais pra casa,
E conversa já não existe entre nós,
Somos dois estranhos que se conhecem bem demais,
Agora ela está indo embora,
Finjo estar dormindo enquanto ouço seu salto alto
Fazer um barulho sincronizado com minhas palpitações,
Vejo de olhos fechados que ela encostou-se no batente,
Me olhou por alguns minutos,
Talvez tenha chorado, ninguém saberia dizer
Seguro a respiração enquanto sinto que ela esta nervosa,
E se penso em reconciliações não me sobra tempo,
Pois já escuto seu salto bater compassado na madeira,
Tão cedo retornou, tão cedo voltou a partir

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