sexta-feira, 5 de junho de 2009

Zero Graus Celsius

Sinto falta das tosses secas,
E dos narizes sangrando
Que só nos atacam no meio do ano.

Daquele frio apertado,
Da cama desfeita
Que nos aproximava tanto mais que agora.

A temperatura continua caindo,
Congelam-se as águas,
Movem-se as geleiras.

Minha alma se fecha,
Se deixa esfriar,
Mas ainda espero o verão.

Espero sua luz sombria,
Invadir minhas janelas,
Na mais bela contradição.

Sinto falta da nostalgia,
Das besteiras que me sussurrava,
Do carinho do mês de junho.

Da sua cara de sono,
Dos teus maus gostos musicais,
Daquelas tardes atrasadas.

O relógio continua batendo,
Fecham se em segundos,
Prendem-nos em pesadelos.

Meu amor não se mede,
Nem por fita métrica,
Muito menos por calendário.

Espero pelas provas irrefutáveis,
Da razão dos seus anseios,
Pra poder combates todos os seus medos.

M. Utida

terça-feira, 2 de junho de 2009

Domingo de quermesse

Amo-te tanto
e com tamanha força
que nem mesmo eu entendo
Amo-te como pintores
amam suas telas
Como escultures
amam suas musas
Amo-te feito um poeta
que elege Afrodites
que as fazem imortais
Amo-te por cada gesto
por toda mania
e também pela ausência
Amo-te na ida e na volta
na sala e na rua
no claro e no escuro
Amo-te feito uma doença
acompanhada da cura,
és quase uma epidemia
Amo-te tão profundamente
que vejo no mundo uma injustiça,
sou um sofredor
Amo-te na espera
tão árdua e bela
de um coração sonhador
Amo-te por fim, por meio
sempre num enredo linear
porém nunca cronológico
Amo-te tanto
que já não olho pro lado
pois tú estás em todos cantos
Estás em todas as músicas
e em todos os lábios
de outras mulheres
Por isso não as beijo
pra não perder tempo
pois meu tempo é todo seu.
M.Utida